sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Opinião: Ponto sem retorno, Gabriela Simoes

Os meus géneros literários favoritos são fantasia e romance histórico. Se os dois se misturarem ainda melhor. Há poucos autores portugueses que escrevem este género literário por isso leio bastante em inglês.

Há alguns dias fui contactada no instagram pela autora do livro Ponto sem Retorno, Gabriela Simões para saber se eu estaria interessada em ler e dar opinião sobre o seu livro. Fui ver a sinopse do mesmo para ver do que se tratava e lógico que fiquei muito curiosa e com vontade de ler pois se tem bruxas, magia e um ambiente que lembra a idade média deve ser mesmo livro para mim.

Sinopse
Giselle Levy é meio-bruxa e vive isolada do mundo com o seu avô, escondida do olhar do rei. É cuidadosa e astuta, contudo, numa tentativa de sobreviver, foi apanhada e chantageada por um dos príncipes de Kendrad, Cristian, que promete não a entregar, se ela for trabalhar para o palácio. Num dilema, ela coloca em perigo a sua identidade e passa a trabalhar no palácio, onde terá de lidar com as constantes tentativas de sedução do príncipe Cristian, os misteriosos olhares de príncipe Eli, os encontros escondidos com o seu melhor e único amigo, Rylan, e um rei desumano com segredos obscuros. Giselle vive numa constante incerteza e angústia de ser descoberta, amargurada pelo facto de não poder ser livre, encontra uma misteriosa sala, com um poderoso encantamento que poderá mudar tudo. Assertiva, inteligente e defensiva, irá deparar-se com uma escolha que mudará para sempre a sua vida e a ideia que tem si própria.


Opinião
Logo nas primeiras páginas fiquei agradavelmente surpreendida pois a escrita da autora é fluída e envolvente transportando o leitor para aquele mundo com as suas descrições e contextualização. Acompanhamos Giselle Levy, uma meia-bruxa com alguns poderes mágicos que herdou da mãe, mas vive escondida com o avô para não ser descoberta, pois há alguns anos atrás todos os seres mágicos foram destruídos.
Eles vivem nas imediações do reino de Kendrad, e são muito pobres pois não se podem misturar na sociedade para Giselle não ser descoberta. Para sobreviverem ela por vezes rouba comida e numa dessas vezes, durante a Parada dos Príncipes tenta roubar umas jóias destes, mas vai ser descoberta e é aqui que a sua vida vai mudar.
Ela é perseguida pelo príncipe Cristian e é apanhada por ele, que acaba por a obrigar a ir trabalhar no palácio para se redimir do que fez, levando com ela o avô e a sua égua e companheira de aventuras Nessie. Para trás fica o seu melhor amigo Rylan.
No palácio, ficamos a conhecer o principe Eli, irmão de Cristian, o Rei, e outros funcionários do palácio. Nenhum dos empregados do palácio gosta de Giselle, pelas suas origens humildes e por ser agressiva e mal educada com eles.
Vamos acompanhar a partir daqui o dia a dia de Giselle no palácio, testemunhar alguns dos seus poderes e ver a sua relação com Cristian e Eli, até ao dia em que ela é encurralada por uma série de acontecimentos que vão fazer com que ela seja descoberta.

A Giselle tem como objectivo sobreviver num mundo em que todos os seres mágicos têm uma sentença de morte e por isso têm de se esconder, o que limita a sua existência e a deixa um pouco amargurada. Talvez por isso seja tão agressiva para quem não conhece ou possa representar uma ameaça para ela. No entanto por várias vezes achei excessivo o seu comportamento hostil em situações em que ela devia se fazer de invisível para não ser descoberta.
Penso que em termos dos príncipes Eli e Cristian ainda há muito a ser explorado pois são-nos apresentadas algumas características das suas personalidades mas ficamos com a impressão que ali há mais a ser dito, o que para mim e importante e ajuda a manter o interesse no enredo.
Por outro lado, especialmente com Cristian não se percebe muito bem porque é que ele se interessa por ela, a não ser o aspecto físico, pois ela e bastante mal educada com ele, nunca mostrando as qualidades que despertariam esse interesse.
O príncipe Eli é bastante misterioso e só no final temos uma melhor ideia do porquê.
Rylan o seu melhor amigo parece descobrir que gosta dela apenas quando ela vai morar no palácio. Achei que esta relação não fazia sentido na história. O mundo criado pela autora é bom o suficiente para prender o interesse sem ser necessário um triângulo amoroso.
O avô vai tentando orientar Giselle e é a chave para explicar quem ela é na realidade.
Achei o final bastante bom e foi o ponto onde a escrita do livro funcionou melhor porque não consegui parar até chegar à última pagina.
Num próximo livro gostava de ver mais desenvolvido o sistema de magia e ver mais explorados os novos poderes de Giselle, assim como ver como ficara a relação entre ela, Cristian e Eli.

Dou 3.5estrelas porque sem dúvida quero continuar a série assim que um novo livro seja publicado e não dou as 4 estrelas pelas atitudes da protagonista e o romance com o Rylan. Além disso é um bom livro tendo em conta que é o primeiro livro da autora e que a mesma ainda e bastante jovem.





domingo, 1 de outubro de 2017

Opinião: Ratos e Homens, de John Steinbeck


Publicado em 1937, "Ratos e Homens" conta a história de dois pobres diabos, George e Lennie, que vivem de trabalhos episódicos e sonham com uma vida tranquila, com a hipótese de arranjar uma quinta em que possam dedicar-se à criação de coelhos. George é quem lidera, é aquele que toma as decisões e protege o seu amigo, sem no entanto deixar de depender da amizade e da força de Lennie. Este é um gigante simpático, dotado de um físico excepcional, mas mentalmente retardado. E ambos acabam por envolver-se em mil e uma complicações, quando, no rancho onde finalmente encontram trabalho, a mulher do patrão entra em cena... Adaptado ao teatro, e várias vezes ao cinema, "Ratos e Homens", que na verdade constitui uma fábula sobre a amizade e o sonho americano, é uma obra-prima da literatura realista, e um dos mais importantes romances de John Steinbeck, servido em português pela notável tradução do escritor Erico Veríssimo.

Opinião
Foi o meu contacto com a escrita do autor e a mesma surpreendeu-me por ser acessível e fluída. Com as suas descrições o autor transporta-nos para dentro da história facilmente, sendo para mim estes pontos muito importantes para gostar e avançar na leitura.
Conhecemos George e Lennie que andam a procura de trabalho em herdades sendo que  é assim que sobrevivem. Lennie é bastante corpulento e forte mas é mentalmente retardado o que faz dele uma criança grande basicamente, sem maldade alguma e que gosta de ratos, coelhos e do seu companheiro George. George toma conta de Lennie desde que a sua tia morreu pois como ele não tinha mais família sentiu que era seu dever cuidar dele senão ele ficaria na rua ou num hospicio.
O sonho de George é juntar dinheiro para ter a sua casa e horta mas não consegue por causa de Lennie que ingenuamente se mete sempre em sarilhos em todos os trabalhos que arranjam. Neste ponto sabemos do conflito interior de George sobre se deve separar-se de Lennie para conseguir mudar de vida mas fica com esse peso na consciência, ou continuam os dois juntos até ao fim.
Na herdade onde vão trabalhar conhecemos outros como eles, com quem simpatizamos, e também Curley que é filho do patrão e a mulher deste. Além de Curley arranjar desculpas para poder andar à pancada com os empregados do pai, a sua mulher atira-se a todos eles provocando ciúmes no marido. Vemos logo aqui que estes dois vão trazer sarilhos para os protagonistas e fica-se logo com a sensação que algo vai correr mal.
A partir daqui vão decorrer algumas peripécias mas não queria entrar em spoilers.

Foi uma excelente leitura e e um livro que nos marca e nos faz refletir sobre as consequências das nossas acções, sobre mesquinhez humana. Como são as acções de um indivíduo quando este está sozinho perante uma situação e como quando está num grupo passamos a ter uma consciência colectiva.
O próprio titulo tem vários significados de acordo com a situação do livro em que pensamos.

Recomendo muito a leitura desta obra.


Fiquei com vontade de ler mais do autor e adoro esta edição da Bertrand.